Por Arnoldy Fernandes (Conselho do Povo Terena)
Entre os dias 01 a 04 de Fevereiro na Aldeia Buriti no município de Dois Irmão do Buriti, no Estado de Mato Grosso do Sul (MS), aconteceu a VII Grande Assembleia da Juventude do Povo Terena. O evento é um encontro de jovens Terenas que tem como objetivo debater temas importantes do interesse de suas comunidades como educação, saúde, políticas públicas, território, e cosmologia Terena.
A assembleia contou com os jovens das Terras Indígenas (TIs) Nioaque, Taunay Ipegue, Cachoeirinha e Buriti. O evento teve participação também da juventude Guarani e Kaiowá e da coordenadora de Políticas para Juventude Indígena do Ministério dos Povos Indígenas – MPI, Lidia Guajajara, e do secretário da Subsecretaria da Juventude do Estado de Mato Grosso do Sul, Jesse Fragoso da Cruz.
O primeiro dia do evento se iniciou com os cantos Terenas e apresentações de danças culturais. Logo em seguida, aconteceu a mesa da plenária sobre questões territoriais, o tema e a base da luta dos povos indígenas. Foi um momento de fortalecimento entre os jovens em pró na defesa do seu território.
Na parte da tarde, aconteceu a plenária de políticas públicas voltada à juventude indigena do Estado do Mato Grosso do Sul (MS). Para o acadêmico de direito, Higor Fernandes, os jovens Terenas têm que está mais participativo nas reuniões, palestras e assembleias que falam sobre os direitos e o meio ambiente. “É preciso que os jovens estejam participativo na defesa, e refletir em várias situações que as nossas comunidades estão passando, é de suma importância falar sobre a questão dos nossos territórios que não estão sendo demarcadas ” disse o indigena.
O segundo dia da assembleia se iniciou com a mesa da educação com o tema “Cotas Indígenas e um olhar crítico da juventude em defesa da educação superior”, a plenária teve como foco debater as cotas destinada aos indígenas, e estimular os jovens a ocupar espaços dentro das universidades. No período da tarde houve as oficinas culturais de grafismo, medicinas tradicionais, e roda de conversa para ouvir a juventude, e saber quais são seus anseios enquanto indígenas jovens.
Segundo o representante da juventude Terena Guilherme Figueiredo, a plenária de políticas públicas e da educação foi importante para que os jovens saibam de seus direitos.“A juventude precisa saber dos seus direitos e lutar por ele, e correr atrás para que possam ocupar seus espaços, e sugerir políticas públicas que possa suprir suas necessidades enquanto juventude que moram na aldeia e para aqueles que saíram de suas comunidades para estudar na cidade, é preciso que o estado olha para esses jovens que lutam para ter um ensino superior”, enfatizou o Terena.
No terceiro dia de evento, se iniciou com a mesa da cosmologia Terena com o professor indigena, Paulo Seizer, e o ancião da comunidade da aldeia Buriti, Jucelino Bernardo. O tema foi o que mais obteve curiosidade e participação dos jovens, saber das histórias do seu povo e da cosmovisão Terena, motivou os jovens a fazer um encontro de cosmologia Terena.
Segundo os jovens, na aldeia Buriti, a espiritualidade do xamanismo do povo Terena ainda é bem viva. Para o representante Guilherme, a juventude de outras comunidades gostou muito de como os jovens da aldeia Buriti trouxeram o xamanismo para dentro da assembleia. “Foi a primeira vez que uma assembleia teve o espaço destinado ao ritual Terena e a participação das pajés, e desse modo despertou nos jovens a curiosidade de saber mais de sua cultura, e pensando nisso alguns jovens sugeriram o encontro de cosmologia Terena ” enfatizou o Terena.
A assembleia da juventude se encerrou no dia 04, com a escolha de jovens para representar a suas comunidades e a escolha onde será a próxima aldeia a sediar a assembleia dos jovens Terenas, também teve a dança Terena, ritual de bênçãos dos jovens Guarani e Kaiowá e das anciãs Terenas, e a leitura da carta final da assembleia.
Leia a Carta Final da Assembleia