Nota do CTI a respeito do assassinato de Paulo Paulino Guajajara

nov 3, 2019

O Centro de Trabalho Indigenista – CTI, lamenta a morte de Paulo Paulino Guajajara, membro do grupo de agentes florestais indígenas “Guardiões da Floresta” que, no último 01 de novembro de 2019, foi assassinado em sua terra indígena, Araribóia (MA), durante confronto com madeireiros.

Trata-se de mais um episódio de violência sofrido pelo povo Guajajara-Tenetehara face às constantes invasões e ameaças de madeireiros dentro da TI Araribóia, também habitada por indígenas em isolamento voluntário do povo Awá Guajá. Fruto dessa insegurança territorial se deu a criação, em 2012, dos Guardiões da Floresta, um grupo de agentes florestais que fazem a vigilância e monitoramento territorial para o combate às atividades ilícitas de retirada de madeira e proteção das áreas de uso e ocupação dos Awá-Guajá isolados.

A TI Araribóia e demais terras indígenas do Maranhão – Caru, Awá, Alto Turiaçu, Rio Pindaré, Bacurizinho, Rodeador, Cana Brava, Urucu/Juruá, Governador, Krikati, Geralda Toco Preto, Porquinhos, Kanela e Krenjê – detém as áreas remanescentes de floresta Amazônica e de Cerrado do estado e, por isso, são os principais alvos da ação madeireira. Não coincidentemente são por demais expressivas as taxas de desmatamento e índice de violência em municípios do estado onde incidem terras indígenas, como: Bom Jesus da Selva, Arame, Amarante do Maranhão, Buriticupu, Zé Doca, Turiaçu, Santa Inês, Alto Alegre do Pindaré e Barra do Corda.

Diante deste cenário, são recorrentes as iniciativas indígenas de controle e proteção de seus territórios, sem qualquer apoio dos órgãos responsáveis pela fiscalização das TIs, considerando a intensificação da exploração ilegal de madeira e a ausência do órgão indigenista – ainda mais esfacelado no atual governo – que, dentre suas atribuições, deveria coordenar tais ações.

As comunidades indígenas, diretamente pressionadas e ameaçadas, têm pagado com suas vidas para garantir a proteção de seus territórios, sem os quais não há meios para a sua reprodução física e cultural.

Toda nossa solidariedade à família de Paulo Paulino Guajajara, ao povo Guajajara/Tenetehara e a todos os povos indígenas que lutam pelos seus territórios.