Nota do CTI sobre novo ataque contra os Ava Guarani no Oeste do Paraná

out 17, 2024

O Centro de Trabalho Indigenista – CTI vêm a público manifestar repúdio e preocupação com a nova escalada de violência contra as comunidades do povo Ava Guarani no Oeste do Paraná.

Hoje (17/10) pela manhã, mais uma vez, indígenas foram feridos após fazendeiros promoverem um ataque com tratores e caminhões na aldeia Yvyju Avary, município de Guaíra. Um dos indígenas foi ferido na cabeça e precisou de atendimento médico.

No domingo (13/10) a comunidade da aldeia Y’hovy, também em Guaíra, foi alvo de ataques com armas e fogos de artifício.

Durante todo o ano de 2024 as comunidades da Terra Indígena Tekoha Guasu Guavirá, área já identificada pela Funai como território de ocupação tradicional indígena, sofreram com ondas de violência promovidas por fazendeiros locais. Uma série de ataques com armas de fogo, atropelamentos, ameaças de morte se acumulam ao longo deste ano.

Nenhuma pessoa não indígena é alvo de investigação ou responde inquérito por todos estes ataques. A impunidade segue favorecendo fazendeiros locais, enquanto os Ava Guarani acumulam mortos e feridos.

A morosidade do Estado brasileiro coloca em risco as comunidades que são taxadas de invasoras em suas próprias terras. Na região, há anos os indígenas são tratados com extremo preconceito e violência nas cidades, escolas e comércios locais.

O processo de demarcação da TI Tekoha Guasu Guavirá se arrasta desde 2009 sem que o Estado brasileiro finalmente resolva o problema, garantindo segurança jurídica para indígenas e proprietários de boa fé.

Em 2018 a Funai finalmente publicou o Relatório Circunstanciado de Identificação e Delimitação reconhecendo 23.768 hectares entre os municípios de Guaíra, Terra Roxa e Altônia. O processo foi suspenso pela Justiça Federal atendendo pedido liminar da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (FAEP) e da prefeitura de Guaíra em diferentes ações.

O caso da TI Tekoha Guasu Guavirá envolve ainda outra grave omissão do Estado brasileiro que não reconhece até hoje os danos causados ao povo Ava Guarani pela construção da Usina Hidrelétrica de Itaipu.

Representados pela Comissão Guarani Yvyrupa, pedem na Ação Cível Originária (ACO) 3.555 que Itaipu Binacional, Funai, Incra e União reconheçam que agiram na violação de direitos que resultou no alagamento de grande parte do território tradicionalmente ocupado pelos Ava Guarani.

Sem que o Estado brasileiro enfrente a situação com a gravidade e urgência que o caso merece, assistimos a repetição de massacres a cada mês.

O CTI se solidariza com o povo Ava Guarani no Oeste do Paraná e reafirma o compromisso no apoio à luta pela garantia de direitos seus territoriais.