Na última quinta-feira (31), cerca de 4 mil manifestantes estiveram na Avenida Paulista no ato “Sangue Indígena – Nem Uma Gota a Mais”, convocado pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib). A ação fez parte de uma campanha, divulgada nas redes sociais com a hashtag #JaneiroVermelho, que denunciou os retrocessos na política indigenista do país logo no primeiro mês do governo de Jair Bolsonaro e os violentos ataques sofridos pelas comunidades indígenas em seus territórios. Foram organizados atos em 22 estados do país, além de protestos de apoiadores no exterior. Em Londres e em Portugal as manifestações foram marcadas na frente das embaixadas brasileiras.
“Essa situação que estamos enfrentando de ataques a nossos territórios foi promovida por esse que se diz um presidente democrático. Estão transformando esse país em um Estado violento e genocida”, denuncia David Martim Karai Popygua, da comunidade Guarani da Terra Indígena Jaraguá, no município de São Paulo.
Uma das principais reivindicações do movimento indígena é que a Fundação Nacional do Índio (Funai) retome a responsabilidade de identificação e delimitação nos processos de demarcação de Terras Indígenas. Logo no primeiro dia de 2019, o governo Jair Bolsonaro editou a Medida Provisória (MP) 870/2019, através da qual transferiu as atribuições de demarcação para o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), hoje comandado por Tereza Cristina, indicada ao cargo pela bancada ruralista.
A mesma medida alocou a Funai no Ministério da Família, Mulher e Direitos Humanos, comandado por Damares Alves, acusada de tirar crianças indígenas de suas famílias contra a vontade dos responsáveis. O movimento indígena também exige que a Funai retorne para o Ministério da Justiça.
“O que o atual governo está tentando fazer é enfraquecer os direitos dos povos indígenas, enfraquecer as demarcações de terras principalmente. Colocar um ruralista para cuidar das demarcações é a mesma coisa que sentenciar os povos indígena à morte, é colocar raposa para cuidar do galinheiro”, comenta Thiago Henrique Karai Jekupe, também membro da comunidade Guarani da Terra Indígena Jaraguá.
Com concentração inicial no vão livre do Museu de Arte de São Paulo (Masp), os manifestantes de diversos povos indígenas marcharam pela Avenida Paulista até próximo ao prédio do escritório da Presidência da República, onde lideranças discursaram em um carro de som denunciando a violência contra suas comunidades. Faixas e cartazes pediam a retomada das demarcações de terra e o fim do genocídio da população indígena.
Além das comunidades indígenas vindas de diversas regiões do estado de São Paulo, muitos apoiadores não-indígenas marcaram presença, dentre eles o rapper Criolo. Outras manifestações ocorreram em diversas capitais e no exterior. Em Brasília os membros da coordenação da Apib participaram de uma coletiva de imprensa em frente ao prédio do MAPA.
Confira o ato de São Paulo em imagens:
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Foto: Pedro Biava
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