Livro retrata sabedoria Guarani através da alimentação

dez 18, 2018

Finalizando mais um ciclo do Programa Aldeias em 2018, uma parceria do Centro de Trabalho Indigenista com a Secretaria de Cultura da prefeitura de São Paulo e as comunidades Guarani do município, o livro Ara Pyau retrata os saberes do povo Guarani envolvidos nos hábitos alimentares tradicionais e no plantio. Confira aqui o livro Ara Pyau.

Escrito na língua Guarani, a publicação é direcionada às comunidades desse povo que após mais de 500 anos de contato com a cultura da sociedade envolvente vem mantendo seus conhecimentos tradicionais, passando de geração em geração. Por meio do texto e fotografias são descritas as sementes tradicionais e os pratos derivados dos diversos tipos de milho guarani. Há também falas de pessoas mais velhas sobre o mundo espiritual onde esses alimentos se desenvolvem, falas sobre receitas, tanto no preparo quanto na prática do plantio.

O livro retrata também a sabedoria dos Guarani em relação ao ciclo anual, divido em dois Tempos: o Tempo Novo – Ara Pyau e o Tempo Velho – Ara Yma. Estes dois tempos estão relacionados às estações conhecidas pelos não indígenas como Primavera, Verão, Outono e Inverno. Também as fases da Lua são importante para um bom plantio, associadas a alguns meses do ano.

Em 2018, uma das atividades promovidas pelo Programa Aldeias que deu origem ao livro Ara Pyau foi a formação de alimentação tradicional Guarani realizada na aldeia Kalipety, na Terra Indígena Tenondé Porã. Após a apresentação das comidas tradicionais como mbyta, avaxi ku’i, mbeju, avaxi mimoî, mbojape, hu’ixî, rora, avaxi mbixy, avaxi maimbe, mbaipy, ka’i repoxi e kaguijy, as equipes tiveram o desafio de reproduzir alguns dos pratos e simularam um MasterChef Guarani.

 

 

Este trabalho fortalece os valores relacionados à base da alimentação do povo Guarani, que é justamente o milho. Fala sobre a importância não só de alimentar o corpo, mas também a necessidade de alimentar o espírito, princípio vital que chamado pelos Guarani de nhe’ẽ.

O livro é direcionado ainda como fonte de pesquisa e estudo aos mais jovens e os que buscam fortalecer e lutar pela continuidade dessa cultura milenar. Junto ao livro, o leitor acessa também um vídeo com imagens do dia de sua feitura, uma maneira de respeitar a cultura oral como modo de circulação de saberes, e também para homenagear o Sr. Karai Mirĩ – Pedro Vicente – da aldeia Tenonde Porã, São Paulo.