Na última semana, entre 20 e 24 de maio, cerca de 500 lideranças do povo Guarani de todos os Estados do Sul e Sudeste do Brasil, além de lideranças Guarani do Paraguai e Argentina, estiveram reunidas na Terra Indígena Morro dos Cavalos, no município de Palhoça (SC) para a 8ª Assembleia Geral da Comissão Guarani Yvyrupa – CGY.
Na ocasião a CGY elegeu seus novos representantes divididos entre coordenadores-gerais, coordenadores regionais e estaduais. Durante a assembleia os Guarani realizaram ainda um encontro de mulheres, que além das mulheres Guarani recebeu lideranças femininas do movimento indígena nacional, como Sônia Guajajara.
A partir das discussões sobre a conjuntura política atual e o enfrentamento contra as iniciativas do governo Bolsonaro que afetam os direitos dos povos indígenas, os Guarani manifestaram um posicionamento oficial da 8ª Assembleia Geral da Comissão Guarani Yvyrupa através de uma carta.
Os principais posicionamentos aprovados em assembleia são [reprodução de trecho da carta, para acessar o documento na íntegra ACESSE AQUI]:
1. Repudiamos quaisquer alterações nas estruturas do Governo Federal que tentem colocar para enfraquecer nossos direitos territoriais, como a Medida Provisória 870/2019 e Decreto 9667/2019, que violam nosso direito à Consulta Livre, Prévia e Informada, e através da qual o representante máximo do Poder Executivo pretendia cumprir suas promessas de campanha e garantir que não haja, em sua gestão, nenhum centímetro de terra demarcada para indígenas e quilombola;
2. Denunciamos as propostas do Governo Federal que atacam nossos direitos fundamentais relacionados à saúde indígena, e novamente violam o direito à Consulta Livre Prévia e Informada, além de apagar as nossas especificidades culturais conquistadas com a saúde diferenciada, ao propor a municipalização da saúde indígena, precarizando ainda mais a já mal executada política pública;
3. Nos levantamos contra os retrocessos na Educação, feitos por um Ministério desqualificado que busca a todo custo cortar recursos em todas as áreas e favorecer interesses de empresas privadas, tendo extinguido de saída a SECADI, secretaria que tinha função de promover nossos direitos constitucionais de uma educação indígena, diferenciada e específica para cada um de nossos povos;
4. Por fim, nos manifestamos contra a Reforma da Previdência e nos somamos aos trabalhadores da sociedade brasileira na luta contra a retirada dos nossos direitos historicamente conquistados, particularmente quanto às mudanças na aposentadoria rural, que afetarão profundamente nossas comunidades e nossos anciãos, os xeramõi e xejaryi kuery;
5. Defendemos e lutamos pela demarcação de todas as terras indígenas da Yvyrupa, pelo não retrocesso e garantia dos nossos direitos originários e pela segurança e não criminalização das nossas lideranças.