Acervo digital realiza campanha para inclusão de documentos secretos da Funai

jul 11, 2016

Letícia Leal

Serão acrescentadas mais de 50 mil páginas que registram a resistência dos povos indígenas no período da ditadura militar 

O acervo digital Armazém Memória reúne coleções de periódicos, livros, depoimentos, vídeos, áudios, imagens, etc de interesse público da sociedade brasileira. Dividido por eixos temáticos focados nos direitos humanos, atualmente o site traz na aba referente aos povos indígenas pouco mais de 18% do conteúdo da Assessoria de Segurança e Informação da Fundação Nacional do Índio (ASI- FUNAI), fundo pertencente ao extinto Serviço Nacional de Informações (SNI), sistema de controle e vigilância da ditadura militar.

A Assessoria monitorou durante o regime e a Nova República a resistência dos povos indígenas brasileiros, as ações de indigenistas e de instituições envolvidas com o trabalho com o índio bem como a imprensa, tendo reunido documentos que datam do período entre 1968 e 2000. O acervo completo está estimado pelo Arquivo Nacional em torno de 148.200 páginas, e o Armazém Memória pretende abrir acesso a 50 mil delas por meio de uma campanha colaborativa no site catarse.com.

A campanha será dividida em duas etapas: o Armazém Memória irá selecionar o conteúdo a ser indexado no acervo ASI-FUNAI, organizar o lote para envio da documentação à empresa contratada e acompanhar a publicação do material selecionado no centro de referência virtual, bem como organizar prestação de conta e informar da publicação na internet a todos que fizeram doação na campanha.

Na segunda etapa serão indexadas com tecnologia DOCPRO, utilizada no Armazém Memória, 50 mil páginas selecionadas para este lote na primeira etapa do trabalho e estará disponibilizada na internet em até 45 dias do encerramento da campanha.

 

Documentos atestam violência e perseguição aos povos nativos

 

“Este acervo é uma caixa de ressonância dos conflitos gerados pelos vários planos nacionais de integração e desenvolvimento aplicados pelo estado brasileiro à época e que atingiram duramente os povos indígenas no Brasil, como apontou a Comissão Nacional da Verdade, com conseqüências sentidas até hoje”, afirma Marcelo Zelic, idealizador da plataforma online e propositor da campanha.

Colabore com o projeto: https://www.catarse.me/pt/amigosdamemoria