Em 2004 as empresas estatais FURNAS e Eletronorte protocolaram junto a ANEEL seu interesse em efetivar os estudos necessários para o uso energético dos Aproveitamentos Hidroelétricos (AHE) de Água Limpa e Toricoejo, ambos localizados no Rio das Mortes – MT. O órgão licenciador destas barragens é a Secretaria do Meio Ambiente do Mato Grosso (SEMA-MT) – em que pese o fato destas barragens afetarem Terras Indígenas. A FUNAI, comunicada pelos citados empreendedores e pela SEMA-MT, emitiu em 2006 os Termos de Referência para o Componente Indígena do Processo de Licenciamento (EIA-RIMA). A Associação Xavante Warã tomou ciência deste processo e pressionou a FUNAI para que cobrasse daquelas estatais na relaização de uma reunião com as lideranças Xavante e Bororo para apresentarem estes projetos de barragem, além de exercerem o direito de indicarem profissionais de sua confiança para realizarem, com os índios, os Estudos do Componente Indígena. A Associação Warã indicou o CTI para a realização destes Estudos, o que foi aceito por FURNAS e Eletronorte.
O que apresentamos aqui e o resultado deste processo para o Componente Indígena, os denominados “Estudos Etnoecológicos” na então definição do Termo de Referência da CGGAM-FUNAI. Depois de tomarem ciência destes Estudos, a Eletronorte desistiu de assumir o AHE Toricoejo; mas até agora – e até onde se sabe – não protocolaram tal desistência na ANEEL. Quanto ao AHE Água Limpa, FURNAS pretende dar continuidade ao processo de Licenciamento, apesar da ferrenha oposição dos Xavante à obra. A FUNAI, em reunião realizada recentemente com lideranças Xavante e Bororo, afirmou que seguirá as conclusões dos Estudos aqui apresentados, se manifestando à SEMA-MT pela inviabilidade da obra. Estaremos atentos a isso.